Maioria dos vereadores da base de Bi Garcia reinterpreta o regimento para pegar a presidência e relatoria da CPI e, assim, travar a investigação sobre a água contaminada servida à população
Na manhã desta quinta-feira (06/06), a Câmara Municipal de Parintins foi palco de uma intensa disputa. De um lado, vereadores da oposição que tentaram defender o povo, instalando e formando uma composição imparcial de membros da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI). Do outro, parlamentares que compõem a base do prefeito Bi Garcia, que tentaram ocupar os principais cargos da comissão e, assim, impedir o andamento da investigação sobre os fatores que levaram a contaminação de 22 dos 26 poços artesianos que servem à população.
A CPI somente foi formada porque vereadores da oposição conseguiram um terço das assinaturas: cinco dos 13 vereadores que compõem a Câmara assinaram o requerimento em favor da instalação da Comissão Parlamentar de Inquérito: Brena Dianná (UB), Massilon Cursino (PSB), Márcia Baranda (UB), Flário Farias (UB) e José Tupinambá (PP), mais conhecido por Babá.
Embora, desde 2005, todos os laudos laboratoriais apontem a contaminação da água, parlamentares da base do prefeito Bi Garcia, os vereadores Cabo Linhares, Vanessa Gonçalves, Mateus Assayag, Alex Garcia, Telo Pinto, Tião Teixeira, Fernando Menezes e Naldo Lima recusaram-se a assinar o documento de instalação da CPI. Tentaram impedir a investigação que pode levar a identificação dos motivos e resolução do problema que tem afetado duramente a população da ilha Tupinambarana.
Tentativa de “tapetão”
Como a base do prefeito não conseguiu barrar a instalação da CPI, já que a oposição seguiu todo o rito protocolar, nesta quinta-feira (06/06) tentou ocupar os dois principais cargos. A comissão é composta por presidente, relator e membro.
O União Brasil indicou a vereadora Márcia Baranda; o PSD, o vereador Mateus Assayag; e o MDB, a vereadora Vanessa Gonçalves. O presidente Alex Garcia tentou forçar um consenso no sentido de dar a presidência da CPI da Água para Mateus Assayag, a relatoria para Vanessa Gonçalves e deixar Márcia Baranda, a única vereadora dos três que assinou o pedido de criação da CPI, como apenas membro da comissão.
As discussões foram intensas sobre a manobra da situação para se apropriar dos principais cargos e, assim, impedir o trabalho da CPI. O vereador Flávio Farias chegou a sugerir que a base do prefeito escolhesse entre a presidência e a relatoria, deixando o outro cargo para Márcia Baranda, mas não teve a sugestão acatada.
Ao longo dos embates que duraram quase duas horas, as pessoas que lotaram a galeria para acompanhar a sessão extraordinária se manifestaram positivamente quanto aos pronunciamentos dos vereadores da oposição e criticaram duramente a base do prefeito, chegando a vaiar Mateus Assayag e Telo Pinto. O presidente Alex Garcia, para impedir o povo de se expressar, chegou a ameaçar de pedir a retirada dos que acompanhavam a sessão presencialmente, mesmo sendo a Câmara a casa do povo.
Sem consenso, o presidente Alex Garcia encerrou a sessão abruptamente logo após determinar que os três membros da comissão – Márcia Baranda, Mateus Assayag e Vanessa Gonçalves – façam uma reunião interna para entrar em acordo quanto ao cargo que cada um vai ocupar na comissão.