Uma comitiva de vereadores da Câmara Municipal de Manaus (CMM) realizou, nesta quarta-feira (15 de outubro), uma visita técnica ao Laboratório Distrital Oeste e ao Laboratório de Especialidades Dr. Sebastião Marinho, unidades de referência da rede municipal de saúde. O objetivo foi verificar, in loco, a capacidade de implantação do exame de DNA-HPV no Sistema Único de Saúde (SUS), conforme as novas diretrizes do Ministério da Saúde para o rastreamento do câncer do colo do útero.
A visita foi articulada pelo vereador Marcelo Serafim (PSB), farmacêutico bioquímico e membro da Comissão de Saúde da CMM. Ele convidou os demais parlamentares das comissões de Constituição, Justiça e Redação (CCJR) e de Saúde para acompanhar o funcionamento dos laboratórios e dialogar com os profissionais das unidades.
“O laboratório conta com um corpo técnico da melhor qualidade: mestres, doutores. Agora, vamos continuar as conversas com a Secretaria Municipal de Saúde para que o teste de HPV oncogênico seja implementado no menor tempo possível”, destacou Marcelo Serafim.
A iniciativa é um desdobramento direto da Audiência Pública realizada no dia 7 de outubro, que discutiu os motivos pelos quais o Amazonas ficou de fora da primeira fase de implementação do teste de DNA-HPV pelo Ministério da Saúde. A audiência foi conduzida pelo vereador Gilmar Nascimento (Avante), presidente da CCJR.
“A visita serviu para comprovar o que ouvimos na audiência: Manaus está preparada. Saio daqui muito feliz, porque vi um centro de referência funcionando, que faz todo o controle da citologia, tuberculose e cultura de grávidas. É um local que já realiza o Papanicolau e que tem plena condição de oferecer o exame de DNA-HPV”, afirmou Gilmar.
A diretora do laboratório, Alyne Brayner, explicou que a unidade já conta com equipe capacitada, estrutura física e equipamentos para iniciar a nova modalidade de diagnóstico assim que for definido o modelo de teste a ser adotado pela rede.
“O Amazonas tem condições suficientes para realizar esse exame. O laboratório tem recursos humanos preparados, e estamos aguardando apenas a definição do tipo de teste genético. Já realizamos exames de citopatologia e somos referência no SUS. Estamos prontos, sim, para iniciar o DNA-HPV”, disse Alyne.
O vereador Sérgio Baré (PRD), que também é da área da saúde, elogiou o funcionamento da unidade e afirmou que pretende mobilizar emendas parlamentares para apoiar a implantação do novo exame.
“O fluxo é muito bem desenhado, e os profissionais são extremamente qualificados. Agora, como parlamentares, precisamos ver como ajudar mais. Temos ferramentas como as emendas e vamos debater internamente como contribuir com esse processo de cuidado à população”, ressaltou.
Já o presidente da Comissão de Saúde da Câmara, vereador Rosivaldo Cordovil (PSDB), reforçou o compromisso do Legislativo Municipal com a prevenção do câncer de colo do útero e com a ampliação do acesso das mulheres ao diagnóstico precoce.
“Vimos uma verdadeira linha de produção. A qualidade dos profissionais é excelente. A comissão está atenta e continuará atuando não só na prevenção do HPV, mas também em outras frentes da saúde pública”, declarou.
Exame de DNA-HPV
O exame de DNA-HPV de alto risco representa um avanço expressivo em relação ao tradicional Papanicolau. Por ser um teste molecular, ele identifica diretamente o material genético dos tipos de HPV de alto risco, especialmente os tipos 16 e 18, responsáveis por cerca de 70% dos casos de câncer do colo do útero invasivo.
Estudos realizados na América Latina mostram que o exame é quatro vezes mais eficaz na detecção de lesões de alto grau e permite aumentar o intervalo entre os exames de 3 para até 5 anos, com segurança. A adoção do rastreamento molecular pode reduzir a mortalidade por câncer do colo do útero em até 81%, segundo modelos de custo-efetividade aplicados em países vizinhos.