Treta entre Trump e Musk: troca de acusações nas redes marca dia de tensões nos EUA

Foto: Divulgação

Ao longo da tarde e da noite de quinta-feira (4/6), a escalada de tensões entre o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o bilionário Elon Musk, via postagens na rede social X, atingiu nível figurativamente atômico, marcando o rompimento entre os outrora aliados.

O estopim da crise foi a aprovação do orçamento no Congresso, apelidada por Trump de “big beautiful bill” (algo como “grande e bela lei”) e que aprofundava o endividamento público americano, algo a que Musk se opunha – dois dias antes ele já vinha chamando a lei orçamentária de “repugnante”.

Dentre os poucos corte anunciados pela lei, há alguns que atingem os interesses do bilionário, como o fim dos incentivos fiscais a veículos elétricos – ele é CEO da Tesla, uma das grandes montadoras de carros do tipo no mundo.

Tudo começou por volta de meio-dia, quando Trump disse a jornalistas no Salão Oval: “Eu teria vencido na Pensilvânia independentemente do Elon. Estou muito decepcionado com o Elon. Ele conhecia esse projeto de lei melhor do que ninguém e só teve um problema quando descobriu que eu cortaria a obrigatoriedade de (incentivos fiscais de) veículos elétricos?”.

Musk respondeu que Trump demonstrou “ingratidão”, e disse que o presidente não teria vencido as eleições sem seu apoio. Então iniciou-se uma troca de acusações entre o bilionário no X e o presidente na rede Truth Social. Após Trump insinuar que cortaria os contratos governamentais com a SpaceX, outra empresa de Musk, o empresário disse que a sua nave espacial Dragon começaria a ser descomissionada imediatamente.

Chegou a um ponto em que Musk disse que Trump estava envolvido num dos maiores escândalos sexuais recentes dos EUA. Ele escreveu no X: “Hora de soltar a bomba de verdade: Donald Trump está nos arquivos de Epstein. Essa é a verdadeira razão pela qual eles não foram tornados públicos. Tenha um bom dia, DJT! Marque esta publicação para o futuro. A verdade virá à tona”.

Ele não apresentou provas da sua afirmação, que faz referência ao escândalo do operador financeiro da Flórida, Jeffrey Epstein, conhecido por suas festas com celebridades e poderosos, foi condenado por explorar sexualmente meninas de 14 anos de idade. Condenado e preso, ele teria se suicidado na própria cela. Trump era próximo à Epstein e especula-se o que se descobriu sobre ele no decorrer das investigações, que seguem em grande parte sob sigilo.

Após um novo post de Trump na Truth Social, Musk republicou o conteúdo de outro usuário do X que diz: “Trump deveria sofrer impeachment e [o vice] JD Vance deveria substitui-lo”.

Outros personagens entraram na discussão: Às 13h30, Laura Loomer, expoente trumpista com quem Musk teve discussões públicas sobre políticas de imigração, saiu em defesa de Trump, se questionou no X:

“Está esquentando. Será interessante ver o que os legisladores republicanos farão agora. Conheço legisladores que estão se perguntando se devem ficar do lado do presidente Trump ou do Elon Musk”.

Depois, Steve Bannon, ideólogo do trumpismo, disse ao jornal New York Times ter recomendando a Trump a deportação de Musk, que é Sul-africano de nascimento e se tornou cidadão americano depois de adulto.

“Eles deveriam iniciar uma investigação formal sobre seu status de imigração porque tenho a forte convicção de que ele é um estrangeiro ilegal e deveria ser deportado do país imediatamente.”, disse Bannon. (Já eram 2h43 da madrugada do dia 6 quando Musk postou no X: “Bannon é um comunista retardado”).

Ainda enquanto a tensão escalava, às 14h20, a mãe do filho mais novo de Musk, Ashley St. Clair, que atualmente está processando Musk, marcou Trump na seguinte postagem no X: “Ei, Trump, me avise se precisar de algum conselho sobre término de relacionamento”.

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