Parintins cai no ranking de arrecadação dos municípios amazonenses

Promessa do prefeito Bi Garcia de que a interligação da cidade ao Linhão de Tucuruí traria o progresso, não se concretizou. Êxodo rural intensifica por falta de oportunidades

Dados da arrecadação dos últimos seis anos (de 2018 a 2023), divulgados pelo Governo do Estado do Amazonas, por meio da Secretaria de Estado da Fazenda (Sefaz-AM), mostraram que a economia de Parintins encolheu. O município de Silves, cuja população é de 11.572 habitantes, equivale a 10% de Parintins (115.363 habitantes), e ultrapassou a Ilha Tupinambarana no pagamento de tributos estaduais.

A arrecadação do Estado do Amazonas, que compreende a apuração dos tributos: Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) e Imposto de Transmissão Causa Mortis e Doção (ITCMD), é um termômetro de como anda a economia dos 62 municípios do Estado do Amazonas.

Pelos dados da Sefaz, Parintins não está nada bem. Enquanto a arrecadação geral do Estado cresceu 53,72% no período de 2018, R$ 10,33 bilhões a 2023, R$ 15,88 bilhões, a de Parintins apresentou queda em relação a Silves, localizada na Região Metropolitana de Manaus.

No ano passado, Parintins registrou arrecadação de R$ 19.024.824,71. Enquanto isso, Silves apresentou desempenho de R$ 34.079.048,09. O município de Silves cresceu 79,13% na arrecadação em relação a terra dos bumbás.

O deslanchar da economia de Silves deve-se a investimentos nas culturas tradicionais: pecuária e agricultura, mas, principalmente, no setor termelétrico e na extração de gás natural.

Nos três primeiros meses de 2024, a Eneva investiu um total de R$ 422 milhões. Com destaque para o Complexo Termelétrico Azulão 950, que respondeu por R$ 125 milhões, e as plantas de Gás Natural Liquefeito (GNL) em Silves. Além disso, a empresa prospecta investimento de R$ 5,8 bilhões para a construção das usinas termelétricas Azulão I e II, que, em conjunto, terão 950 MW de capacidade instalada. Os projetos da Eneva, em Silves, geram renda para mais de 320 famílias locais e deverão gerar ao longo dos próximos anos cerca de 5 mil empregos.

Parintins retrocede

A Ilha Tupinambarana segue o caminho contrário. A economia é baseada quase que, exclusivamente, na receita oriunda do salário do funcionalismo público e do comércio varejista. O município ocupou, em 2017, a terceira posição em rebanho bovino no Amazonas e em ocupação no setor primário. Eram 11.413 pessoas que tiravam o seu sustento da atividade no campo, conforme o Censo Agropecuário divulgado na época pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A Pesquisa da Pecuária Municipal (PPM 2020), divulgada pelo IBGE, mostrou queda na posição de Parintins no ranking dos maiores detentores de rebanho bovino do Amazonas. Em 2020, os municípios com mais cabeça de gado eram Lábrea, Boca do Acre, Apuí, Manicoré e Parintins, em quinto lugar.

Em 2019, o prefeito de Parintins, em matéria divulgada na página do município na internet, garantiu que a incorporação da cidade ao Sistema Interligado Nacional (SIN), por meio da Linha de Transmissão 230 KV, que também atende Oriximiná e Juruti, no Pará, representaria o avanço em várias frentes, inclusive, na atração de novos investimentos com geração de oportunidades de emprego e renda para a população parintinense.

“Após a interligação de Parintins ao sistema nacional de distribuição de energia elétrica, daremos um grande passo. Estaremos aptos a receber grandes investimentos públicos e privados, gerando emprego, renda e oportunidades a nosso povo. Teremos grandes benefícios, principalmente econômicos com energia mais barata e ambientais com energia limpa, oriunda de hidrelétricas”, frisou Bi Garcia na época.

A interligação ao Linhão de Tucuruí ocorreu em agosto de 2023, com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Parintins ganhou energia em quantidade suficiente para mantê-la e com sobra para atender novos clientes, sejam eles de pequeno, médio ou grande porte no consumo. Mesmo com o alto investimento pelo Governo Federal, o prefeito Bi Garcia não fez a parte dele, captando empresas para se fixar em Parintins. A negligência do chefe do Poder Executivo tem custado caro para a população, que padece com o subemprego ou com o desemprego que assola a maioria dos lares parintinenses.

Êxodo rural

Na agrovila do Mocambo, zona rural de Parintins, é comum encontrar casas abandonadas. A nova geração em idade produtiva deixa a comunidade em busca de trabalho na sede do município ou em Manaus. Quando os idosos da família morrem, os imóveis são fechados e se deterioram até ficarem inutilizados.

Ivanilde Teixeira teve 12 filhos, mas somente um casal continua ao lado dela no Mocambo. O mesmo aconteceu com Neusa Rodrigues, 90 anos. A idosa teve 10 filhos, no entanto, só a caçula permanece na agrovila. Os descendentes ainda tentaram continuar no lugar onde nasceram, mas sem apoio da prefeitura para plantar e escoar a produção, eles desistiram da roça e partiram rumo à cidade grande para nunca mais voltar.

Além de elevar o número de pessoas que não tem o básico para viver na capital, cada um que parte deixa uma saudade imensa nos que ficam. A inoperância do prefeito Bi Garcia em buscar e inserir novas formas de geração de emprego e renda tem separado e desestruturado as famílias parintinenses.

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