Morador da comunidade grava vídeo desesperado pedindo intervenção dos órgãos competentes. Apesar dos problemas, o candidato apoiado pelo prefeito, Mateus Assayag, diz na propaganda eleitoral que a obra é um modelo
As obras da Prefeitura de Parintins na Vila Amazônia, que foram iniciadas neste segundo semestre e deveriam ser a realização de um sonho antigo, estão se tornando um verdadeiro pesadelo para os moradores locais. O serviço de pavimentação causou um desnível entre as casas e a pista e, em alguns pontos, a diferença de altura chega a mais de um metro. Sob o risco de alagação, o morador Cledenilson de Souza Silva, no Facebook, pediu ajuda.
“Estou fazendo um apelo para que as autoridades possam nos ajudar. Alguém competente aí que possa nos ajudar, algum político influente aí que possa nos ajudar. Nós estamos aqui com um trabalho da Prefeitura Municipal de Parintins juntamente com a Tecon, que é a terraplanagem aqui. Como vocês estão observando aqui, olha para cá. Eles fizeram um aterramento muito acima do nível das nossas casas, como vocês estão vendo aí. Isso aqui é uma baixada, uma chuva torrencial aqui, de uma hora e meia, isso aqui, minha casa e tantas outras aqui vão para o fundo. Olha a altura dessa casa. Eu estou agarrando no teto aqui. Vocês imaginam o trabalho. Vocês acham que isso aqui não vai alagar?” disse o morador apavorado.
Sem explicações
Ao pedir explicações ao secretário de Obras, Albano Albuquerque, os moradores só receberam indiferença.
“O secretário de obras teve aqui com a gente ontem e nos enganou. Até agora ele não veio conversar com a gente. Ele disse que vinha aqui fazer um sistema de drenagem para nos ajudar. Porque a prefeitura, segundo ele, não vai deixar a população na mão, não vai deixar a população ser prejudicada desse jeito. Até agora ele não veio aqui. Disse que a Semasth vinha às 9h da manhã. Nós ficamos até 10h30 e, agora, ele disse que vinha 11h da manhã e até agora ele não apareceu aqui para esclarecer o que eles vão fazer, como eles vão nos ajudar aqui em relação a nossa situação”, falou Cledinilson.
A desvalorização imobiliária é outro fator que tem contribuído para elevar o medo de quem é obrigado a permanecer nas residências. “A minha casa não tem mais valor, de ninguém aqui. Quem vai querer morar num lugar que enche? Pelo amor de Deus, a gente está pedindo de alguém que possa nos ajudar ai”.
Outro cidadão, que não se identifica no vídeo, faz um apelo ao prefeito Bi Garcia. “O pessoal tem de olhar pelo nosso lado. Senhor prefeito, se fosse o senhor que tivesse numa situação dessa aqui? Nós somos gente, nós somos humanos, nós precisamos que o senhor venha ajeitar para nós, que venha trazer uma solução”, implorou.
Mateus Assyag apresenta obra como modelo
Nos programas eleitorais de campanha, tanto o prefeito Bi Garcia quanto o candidato apoiado por ele, Mateus Assayag, que é engenheiro, apresentam as obras de pavimentação da Vila Amazônia como sendo modelos. No entanto, os moradores estão contestando o grau de conhecimento do profissional responsável.
“Cadê o engenheiro, meu amigo? Nem eu que não sou estudado para Engenharia eu sei que isso vai dar merda. Eu sei que isso aqui vai dar merda. Não precisa ser tão inteligente para saber que isso aqui vai dar merda”, disse Cledenilson.
Protesto
Ao final do vídeo, o morador, num ato de desespero, disse que a comunidade vai se reunir para impedir a continuidade da obra, que claramente, ameaça as casas assim como as famílias que residem na área.
“Ninguém vai mais trabalhar nessa rua porque a gente vai fazer protesto. Se vierem aqui botar asfalto, a gente não vai deixar. A gente vai queimar pneu, a gente vai botar pau aqui. Vai reunir a comunidade e não vai mais deixar fazerem nada a não ser que o secretário de obras venha aqui juntamente com o prefeito para resolver o nosso problema. Nós não vamos mais deixar trabalhar aqui. Pronto”, finalizou.
Obra
Em julho deste ano, o prefeito Bi Garcia assinou uma ordem de serviço para o asfaltamento de 33 ruas da Vila Amazônia, distrito de Parintins. A primeira etapa do projeto tem verba de R$ 9 milhões, entre recursos da prefeitura e de emenda parlamentar.