No período do afastamento das funções legislativas, Mayra Dias já recebeu cerca de R$ 300 mil de salário e mais de R$ 191 mil para atividades parlamentares
Desde janeiro deste ano, a deputada estadual Mayra Dias está de licença maternidade para cuidar da filha caçula, mas no lugar de ficar com a pequena, que tem apenas 5 meses de vida, segue intensa agenda política ao lado do marido, prefeito Bi Garcia e do pré-candidato apoiado por eles para Prefeitura de Parintins, o vereador Mateus Assayag.
No dia 24 de fevereiro, quando a deputada completava 40 dias de resguardo, ela já aparece no lançamento da pré-candidatura de Mateus Assayag. Mayra andou pelas ruas da cidade, no meio do empurra empurra de milhares de pessoas, ficou em pé no palanque e discursou a favor do amigo, que disse apoiar como retribuição, já que Mateus participou da campanha dela rumo à Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam)
No dia 5 de abril, quando a bebê Maya Dias tinha apenas 2 meses, a deputada aparece rodeada de muitos pré-candidatos e apoiadores. A foto de divulgação, enviada à imprensa, é um olho no olho de Mayra para Mateus, enquanto ele segura sorridente a mão dela. A deputada escreveu em suas redes sociais: “hoje participei do ato de filiação partidária ao Avante, e demais partidos em apoio a @mateusassayag.
Em 19 de abril, Mayra juntamente com o prefeito Bi Garcia e o inseparável tiracolo, Mateus Assayag, entregou a Unidade Básica de Saúde “Seo Jafé”, na comunidade Santo Antônio do Tracajá. Para chegar até o local, horas numa voadeira que bate muito na água, um risco para uma mulher que tinha parido há três meses. Com recursos destinados pelo Governo do Estado para emenda parlamentar, foram adquiridos todos os mobiliários e equipamentos para a UBS.
No dia 15 de junho, quando a filha completava cinco meses de idade, Mayra não estava em casa à noite para acalentá-la. A deputada participava de longa caminhada pelas ruas da cidade. Permaneceu por horas em cima de um palco para discursar fervorosamente em defesa do amigo, que é o candidato mais rejeitado do pleito de 2024 para a Prefeitura de Parintins.
Uso indevido da licença maternidade
A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) garante o direito à licença maternidade às mulheres grávidas ou que acabaram de dar à luz. Elas podem ser afastar do trabalho para cuidar do recém-nascido. Durante o período de afastamento, todos os direitos trabalhistas são mantidos. Normalmente, a licença tem prazo de 120 dias, mas no Parlamento Estadual do Amazonas, a deputada pode requerer 60 dias a mais, podendo ficar afastada por 180 dias, ou melhor, seis meses.
A deputada Mayra Dias recebeu da Aleam cerca de R$ 300 mil este ano de salário, mesmo não trabalhando no parlamento por estar no período de licença maternidade. Para o desenvolvimento de atividades parlamentares, recebeu de janeiro a maio de 2024, conforme Portal da Transferência da Aleam, mais de R$ 191 mil. Teve gastos com consultoria jurídica e contábil, assessoria de comunicação, informativos e combustível. Mesmo tendo de ficar em casa, gastou, em média, R$ 6.300,00 por mês com combustível e lubrificante.
Mas se a licença é para ficar em casa tomando conta da criança e a deputada está nas ruas, bairros e comunidades, bem distante da filha, seria moralmente justo que ela devolvesse o valor por não estar cumprindo o que determina a legislação. E se tem tanta disposição para fazer campanha, não seria melhor voltar logo para os afazeres na Aleam, onde tem muito trabalho acumulado?
A polêmica do leite que secou no peito
No último final de semana, Mayra Dias concedeu entrevista à Rádio Clube, cujo proprietário é secretário de Comunicação Social da Prefeitura de Parintins, Gil Gonçalves. Entre risos e afagos ao marido, que ora era entrevistado, ora entrevistador, ela acusou o governo do estado de não liberar suas emendas por ter preferido caminhar, literalmente, ao lado de Mateus Assayag e que isso teria lhe causado abalo emocional a ponto de não conseguir amamentar.
“Como o Bi muito bem falou, isso já começou a atingir, na verdade, a nossa casa. Porque eu estou com uma filha que ainda vai fazer seis meses, quando a gente precisa, durante seis meses amamentar exclusivamente, então, eu sempre fiz questão disso. Agora, nessa semana, ela teve que já entrar na fórmula porque eu não consegui mais produzir o leite que eu conseguia produzir. Isso começou a me atingir pessoalmente”, disse a deputada Mayra.
O detalhe é que a deputada, mesmo se tivesse grande produção de leite, não faria diferença para criança, já que a mãe prefere suar a camisa e gastar sola de sapato com Mateus ou acompanhar a intensa agenda do marido, que corre nas inaugurações para divulgar o apagado candidato à ficar com a menina em casa.