Associação investigada por tráfic0 de crianças e adolescentes para a Turquia funcionava em Manaus

Associação envolvida em tráfico de crianças e adolescentes indígenas tem sede em Manaus e foi alvo da Polícia Federal

Dois mandados de busca e apreensão contra o grupo islâmico, que atuava no esquema de tráfico de indígenas da Amazônia para a Turquia, foram cumpridos na capital amazonense na operação batizada de Além-Mar.

Na ocasião, foram apreendidos os celulares e computadores do turco Abdulhakim Tokdemir, criador da Associação Solidária Humanitária do Amazonas (Asham).

O ”chefão” da Associação de Manaus, Tokdemir, levou dezenas de indígenas de diferentes etnias para o internato, Asham, onde os alunos viviam uma rotina religiosa com a obrigação de leitura do alcorão e orações diárias, além de aulas de árabe e turco.

Quando ficavam mais velhos, os indígenas eram levados para outros internatos religiosos nas cidades turcas de Kütahya e Tarso.

Os pais das vítimas aceitavam entregar os filhos com a promessa de que os jovens teriam estudos totalmente financiados e uma qualidade de vida melhor. Cinco indígenas que foram levados para a Turquia, voltaram para o Brasil neste mês por decisão do próprio grupo religioso. As crianças e os adolescentes indígenas eram levados de São Gabriel da Cachoeira, município do Amazonas, onde mais habitam indígenas no país, localizado na fronteira com a Colômbia.

Sete pessoas, entre turcos e brasileiros, estão sendo investigados por suspeitas de tráfico humano.

Esquema de tráfico em Manaus

Um relatório da Fundação Nacional dos Indígenas (Funai) relevou que em outubro do ano passado, um dos adolescentes que vivia na Asham, em Manaus, um indígena Dessana de 14 anos, relatou que foi empurrado contra a parede por um professor turco porque teria feito uma ‘brincadeira’ no momento da oração.

Na ocasião, haviam cerca de oito crianças e adolescentes na Associação sendo cuidadas por homens turcos. Um menino de etnia Tukano, de 9 anos, não tinha contato algum com os pais. As outras crianças podiam falar com os pais quando autorizadas a usar os celulares.

As autoridades constataram que a Associação funcionava de forma irregular, sem autorização para alojar as crianças e os adolescentes. Além disso, a comida era inadequada e havia falta de proteína, segundo o relatório da Funai.

Os indígenas foram retirados da Asham no final de fevereiro e voltaram para suas famílias.

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