Amom pede investigação após ‘dama do tráfico’ ser recebida no Ministério da Justiça

Luciane, conhecida como dama do tráfico amazonense, esteve em audiências no prédio do Ministério da Justiça, em Brasília. Ela é casada com Clemilson dos Santos Farias, o “Tio Patinhas”, do Comando Vermelho (CV).

Manaus (AM) – O deputado Amom Mandel (Cidadania) protocolou um pedido de investigação após a mulher de uma liderança do Comando Vermelho no Amazonas, Luciane Barbosa Farias, se reunir com integrantes do Ministério da Justiça e Segurança Pública – pasta comandada pelo ministro Flávio Dino. Uma foto nas redes sociais mostra Luciane ao lado de Elias Vaz, secretário de Assuntos Legislativos do Ministério da Justiça.

“Que inteligência é essa do ministério? Se eles não estão preparados dentro da sua própria estrutura, como combatem o crime organizado no resto do país?”, questionou Amom.

Luciane, conhecida como dama do tráfico amazonense, que esteve em audiências no prédio do Ministério da Justiça, em Brasília, é casada com Clemilson dos Santos Farias, o “Tio Patinhas”, preso em 2022, suspeito de liderar uma organização criminosa.

De acordo com a reportagem do Estadão, Luciane é o braço financeiro da operação do marido, e foi ao Ministério da Justiça, em março e maio de 2023. Mas não foi só no Ministério da Justiça que Luciana esteve. Ela esteve no CNJ (Conselho Nacional de Justiça), na Câmara dos Deputados e em encontro com políticos.

No documento enviado à Procuradoria-Geral da República (PGR), Amom diz que as revelações contidas na matéria apontam para a existência de “relações suspeitas” entre membros do alto escalão do Ministério da Justiça e integrantes da facção criminosa Comando Vermelho.

Segundo o parlamentar, Luciane integra uma ONG identificada por investigadores da Polícia Civil do Amazonas como uma fachada usada pelo Comando Vermelho. Esta organização, “embora formalmente voltada para o sistema prisional, aparentemente serviria como mecanismo para legitimar a existência da facção criminosa e obter capital político para negociações com o Estado, supostamente financiada com recursos provenientes do tráfico.”

Diante da gravidade dos fatos, Amom solicitou uma investigação rigorosa sobre os fatos. “É crucial assegurar a responsabilização, a transparência e a preservação da confiança da população nas instituições democráticas do país, mormente no órgão máximo responsável por promover a segurança pública”.

Em nota, o Ministério confirmou que Luciane esteve na reunião do dia 16 de março e afirmou que a presença de acompanhantes é de “responsabilidade exclusiva da entidade requerente e das advogadas”, que se apresentaram como suas dirigentes.

“A Secretaria de Assuntos Legislativos (SAL) atendeu solicitação de agenda da ANACRIM (Associação Nacional da Advocacia Criminal), com a presença de várias advogadas. A cidadã mencionada no pedido de nota não foi a requerente da audiência, e sim uma entidade de advogados. A presença de acompanhantes é de responsabilidade exclusiva da entidade requerente e das advogadas que se apresentaram como suas dirigentes.”

Ainda segundo o Ministério, por não se tratar de assunto da pasta, a ANACRIM, que solicitou a agenda, foi orientada a pedir reunião na Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen).

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